Olá pessoal,
Dando continuidade ao nosso resumão das cidades que visitamos na Ãfrica do Sul, chegamos a mais famosa e turÃstica cidade sul-africana: a fantástica litorânea Cape Town. Segunda cidade africana mais populosa, com cerca de 430 mil habitantes (considerando toda a região metropolitana são mais de 4 milhões de pessoas), é também a capital legislativa do paÃs.
Nossa estadia em Cape Town durou 4 noites, ou seja, tivemos 3 dias completos para visitar os principais pontos turÃsticos, alguns muito perto de onde ficamos hospedados e outros um pouco mais longe. Iremos detalhar aqui dia a dia do nosso roteiro por lá, que foi bastante corrido.
DIA 1 – RECONHECENDO O TERRENO
Chegamos na cidade no meio da tarde, em torno das 16h, depois de viajar quase 500 quilômetros, pois estávamos vindo de Beaufort West. Ficamos um tempo no nosso apartamento e depois do sol se pôr resolvemos dar uma volta no V&A Waterfront, certamente um dos principais pontos turÃsticos da cidade e a cerca de apenas 1 quilômetro de nossa hospedagem. Visitado por mais de 23 milhões de turistas anualmente, a área é localizada próximo ao porto mais antigo da cidade, e nada mais é do que um super complexo com muitas lojas, restaurantes, prédios residenciais e comercias, além de diversas outras atrações, como por exemplo a roda gigante e o aquário de Cape Town.
É dessa área também que sai o barco que faz o passeio a desativada prisão da Robben Island, que falaremos nas atividades do próximo dia. Como estávamos cansados da viagem, nossa volta se resumiu a uma pequena caminhada e também a uma ida ao mercado (há um enorme mercado por lá).
DIA 2 – ROBBEN ISLAND, V&A WATERFRONT, AQUÃRIO E CAPE WHEEL
No nosso segundo dia em Cape Town, marcamos para o primeiro horário (compramos os tickets pelo site oficial. Valor: 550 rands (~R$170) para adultos e 300 rands (~R$100) para menores de 18 anos) o passeio a ilha de Robben Island, que abriga uma prisão desativada onde Nelson Mandela e outros lÃderes polÃticos e cientÃficos passaram um tempo presos durante a época do Apartheid. HavÃamos lido em outros blogs essa dica de marcar o passeio para o primeiro horário (horários disponÃveis: 09h, 11h, 13h e 15h), pois desta forma você consegue aproveitar melhor o resto do dia.
Chegando próximo a área de saÃda, estava garoando e por muito pouco não desistimos, principalmente por conta do nosso filho, que poderia adoecer devido a combinação de chuva com vento. Ah, não custa lembrar que dependendo da situação, principalmente por conta de ventos fortes, a própria empresa responsável pelo passeio acaba cancelando o mesmo, devolvendo o dinheiro caso aconteça.
Tomamos coragem e resolvemos seguir viagem, embarcando no barco (que é coberto) em direção a ilha. O barco é bem grande, uma espécie de ferry boat, e o trajeto entre Cape Town e a ilha dura cerca de 40 minutos.
Chegando lá, somos direcionados a um ônibus, onde você encontrará também o guia do passeio.
Um ponto interessante é que a maioria dos guias de lá são ex-prisioneiros, o que torna o passeio ainda mais interessante.
O passeio na ilha é basicamente dividido em duas etapas: uma é feita de ônibus passando pelos principais pontos da prisão (alguns são bem afastados, como por exemplo uma mesquita), e outro é o tour por dentro da prisão, onde você passará por diversos cômodos de lá, incluindo é claro o mais famoso de todos: a cela onde Nelson Mandela viu o sol nascer quadrado algumas centenas de dias.
O guia busca explicar no mÃnimo detalhe cada situação (afinal, ele esteve lá), o que dá ainda mais realidade a todo o passeio. Só a parte guiada dura cerca de 40 minutos. Em algumas salas há algumas fotos da época de funcionamento da prisão com explicações extensas sobre cada uma delas. Em outras, manuscritos e objetos originais de lá.
O final do tour de ônibus é numa cafeteira para quem quiser comer ou beber alguma coisa. Próximo a este ponto você poderá também avistar diversos pinguins. Aliás, o simpático bichinho aparece também com bastante frequência nos pontos onde o ônibus passa.
Já passando do meio-dia, nos encaminhamos a área de embarque para retornar a Cape Town. Há por ali também uma loja que vende alguns souvenirs e lembrancinhas da ilha, mas nada muito espetacular.
Desembarcamos em Cape Town já próximo das 13h, e como o Bernardo dormiu no caminho da volta, resolvemos parar para almoçar e dar uma volta pelos enormes calçadões do V&A Waterfront. Um passeio muito agradável, onde você poderá passar por prédios históricos muito bem conservados, a onipresente Cape Wheel (roda gigante), um xadrez gigante, o famoso quadro onde você poderá tirar uma foto com a Table Mountain de fundo, as enormes e lindas esculturas da African Trading Port e muito mais!
Se prepare também para se deparar com inúmeras apresentações artÃsticas locais, seja um grupo de garotos cantando e tocando instrumentos ou danças que empolgam a qualquer um. Não há nenhuma cobrança por isso, você pode contribuir espontaneamente de acordo com o que achar justo.
Na época que fomos também havia uma exibição de rinocerontes pintados das mais variadas cores, e que estavam espalhados por diversos pontos da cidade.
Já lá pelo meio da tarde, nos dirigimos ao Two Oceans Aquarium, o aquário artificial de Cape Town. A entrada custa cerca de R$60 para adultos, crianças até 4 anos não pagam. O passeio é muito bem direcionado, você vai saindo de um ambiente e entra em outro e em nenhum momento você tem a impressão de estar fazendo o caminho errado. No inÃcio há alguns aquários, sendo que o mais disputado pelas crianças é onde estão os peixes palhaços, pois é possÃvel “entrar” numa espécie de cúpula e aparecer para uma foto divertida ao lado dos peixes.
Na próxima seção você passará por arraias, estrelas do mar, águas vivas e outros seres.
Em seguida, vem certamente o principal atrativo do aquário: a área onde você passa num corredor cercado pelos lados e por cima de enormes peixes e é claro, tubarões.
Certamente a área onde a criançada vai a loucura é onde estão os pinguins, em ambientes planejados exclusivamente para eles.
No final do passeio há uma enorme loja de souvenirs e lembrancinhas, mas os preços eram um pouco salgados demais.
Entre o aquário e nossa próxima atração, a Cape Wheel, passamos por uma interessante área denominada Water Shed, onde diversos artesões e artistas locais divulgam e vendem sua obra.
Finalizamos nosso dia corrido indo na Cape Wheel, a roda gigante de Cape Town. O ingresso é um pouco salgado (155 rands, mais de R$50 por adulto. Gratuito para crianças até 4 anos). O passeio dura cerca de 15 a 20 minutos e dá uma bela visão de toda a área portuária de Cape Town. Em cada cabine geralmente vão de 4 a 5 pessoas.
DIA 3: BO-KAAP, CAPE TOWN STADIUM E PRAIA
No nosso terceiro dia em Cape Town fomos de manhã até outro ponto turÃstico bastante famoso por lá: as coloridas casas de Bo-Kaap. No trajeto até lá aproveitamos para tirar algumas fotos durante o passeio:
Nesta região da cidade é comum pedintes virem até você pedindo comida ou simplesmente dinheiro, inclusive um deles acabou nos “seguindo” por um bom tempo. É um pouco chato, mas é bom que você já saiba deste pequeno inconveniente que você poderá passar. Não custa lembrar que quase 30% dos sul-africanos estão desempregados.
A principal rua do bairro, Chiappini Street, é onde está a maior concentração das casas coloridas. O bairro inicialmente abrigou escravos malaios, posteriormente escravos da Ãndia e por último imigrantes muçulmanos. Uma incrÃvel miscigenação muito comum na Ãfrica do Sul como um todo. A rua é uma grande ladeira, portanto vá preparado e leve bastante água, pois irá precisar.
Há um pequeno museu por lá também, porém não entramos. O passeio em si dura de 30 a 45 minutos. Há opções guiadas que explicam detalhadamente o bairro e até algumas casas, mas optamos por faze-lo por conta própria mesmo.
Bem próximo dali, na Green Market Square, acontece uma uma enorme feira local com muito artesanato e venda de souvenirs e lembrancinhas, mas os preços não são tão atrativos. Não custa lembrar também que você perderá um pouco de tempo negociando com os vendedores, que colocam o preço inicial lá em cima e chegam a dar descontos de até 50% depois de muita conversa.
Uma excelente dica para você comprar itens locais com preços muito bons é ir até o African Craft Wholesale Market, que também fica ali perto. Esse mercado é num prédio e apesar de parecer uma loja só, não é. Cada vendedor tem seu “canto” e você será abordado por todos insistentemente. A dica valiosa é: vá direto ao moçambicano Martins, que fica num dos cantos do local e possui disparadamente o melhor preço (e nem precisa negociar para isso), além de falar português. Acabamos comprando um ou dois itens antes de chegar nele e depois nos arrependemos, pois realmente o preço lá é muito melhor do que os demais.
Mapa mostrando Bo Kaap, a Green Market Square e o African Craft Wholesale Market
No caminho para nosso apartamento também demos uma parada no imponente prédio da prefeitura (ou simplesmente City Hall), localizado em em frente a uma grande praça. Por conta da quantidade grande de pedintes por ali, apenas paramos para tirar algumas fotos e seguimos viagem.
Próximo dali também está localizado o prédio que tem em sua pintura a bandeira da Ãfrica do Sul estampada:
No resto do caminho conseguimos registrar mais alguns prédios e igrejas bonitas que encontramos no caminho:
Após o almoço, aproveitamos para conhecer o monumental estádio de Cape Town, o Green Point Stadium, num jogo da primeira divisão africana, entre o local Cape Town City e o visitante Golden Arrows. Como estávamos hospedados praticamente ao lado dele, fizemos o trajeto a pé mesmo, que não levou nem 10 minutos. A arquitetura do estádio impressiona, porém a presença de público é decepcionante. Por conta disso eles abrem apenas um lado das arquibancadas, e somente a parte inferior. Para um estádio com capacidade de 55.000 pessoas, o total para o jogo que fomos bateu apenas 4.000.
O que impressiona bastante é o baixÃssimo valor do ingresso (para este jogo eram 20 rands, ou apenas R$7). Lá dentro o valor da cerveja (sim, o álcool é liberado) era praticamente o mesmo preço do ingresso. A animação dos sul-africanos dentro do estádio é contagiante, sobretudo das torcidas “organizadas”, que só lembram as brasileiras na questão animação, pois não há nenhuma divisão de torcidas ou brigas. Descobrimos isso durante o jogo, pois os gritos de apoio mudavam de acordo com quem estava com a bola. É claro que as famosas vuvuzelas estavam presentes, entoando aquele som irritante que pudemos acompanhar durante as transmissões dos jogos da Copa de 2010.
O nÃvel técnico do jogo é bem fraco, comparado a jogos de terceira ou quarta divisão do futebol brasileiro. Mas com certeza a experiência é válida, sobretudo para os apaixonados por futebol.
Terminamos nosso terceiro dia em Cape Town indo até a belÃssima praia de Camps Bay para presenciar um pôr do sol inesquecÃvel. O trajeto de pouco menos de nove quilômetros entre a região onde estávamos hospedados e a praia já é um espetáculo a parte.
A praia em si tem uma grande faixa de areia e algumas particularidades, como você poder visualizar do lado contrário ao mar algumas montanhas pertencentes ao parque onde está também a Table Mountain, o que torna a vista espetacular. Na beira da praia há diversos bares bem animados com um DJ tocando, sendo um point para os mais jovens e solteiros. Há também no calçadão duas cadeiras enormes que se parecem com verdadeiros tronos.
O ponto alto da visita, é claro, é o pôr do sol que acontece no mar. Não precisamos falar mais nada, fiquem apenas com as imagens que fizemos por lá.
DIA 4: TABLE MOUNTAIN, BOULDERS BEACH E CABO DA BOA ESPERANÇA
Nosso último dia em Cape Town também foi bastante corrido. Iniciamos o dia tentando chegar no horário mais cedo possÃvel na Table Mountain, que abre as 08h, pois ainda terÃamos uma pequena viagem para fazer até a Boulders Beach e ao Cabo da Boa Esperança.
Chegamos na Table Mountain em torno das 08h30, e já havia uma enorme quantidade de pessoas por lá. O carro é estacionado na acostamento da rodovia que sobe até a base dos teleféricos, e é cuidado por guardadores locais. Compramos os ingressos de ida e volta na bilheteria por 360 rands (cerca de R$120), porém há outras opções: você pode pagar somente 200 rands e subir ou descer a pé a montanha. Ou então não pagar nada e fazer a trilha tanto na ida quanto na volta.
São apenas dois teleféricos que operam por lá, cada um comportando cerca de 65 pessoas. O trajeto leva cerca de 5 minutos. Mesmo chegando cedo, ficamos mais de uma hora na fila para pegar o teleférico. A boa notÃcia é que boa parte da espera é em áreas cobertas, que protegem bem do sol.
Não se preocupe em pegar um lugar bom dentro do teleférico, pois ele gira em 360 graus durante a subida, portanto você terá uma visão completa independente de onde estiver localizado.
Chegando no topo da montanha, você mesmo faz a sua trilha, nenhuma delas tem um grau de dificuldade muito grande, visto que como o próprio nome diz, a montanha tem o formato de “mesa” (table). De todos os cantos da montanha você terá incrÃveis visuais da cidade de Cape Town. Demos muita sorte pois o céu estava praticamente sem nuvens, tornando as visões muito mais limpas e sensacionais.
Lá no topo da montanha há uma pequena loja que vende souvenirs e lembranças, além de outro espaço (razoavelmente grande) que vende comidas e bebidas, sobretudo lanches e doces. Nossa estadia no topo da montanha ficou em torno de duas horas, ou seja, saÃmos de lá em torno do meio dia. Voltando ao carro tivemos um pequeno imprevisto já detalhado no post sobre o trânsito da Ãfrica: deixamos a luz do carro ligada e a bateria estava descarregada.
Resolvido o problema da bateria, seguimos viagem até a Boulders Beach, a famosa praia dos pinguins. O trajeto de quase 50 quilômetros entre a Table Mountain e a praia leva cerca de uma hora e assim como toda viagem de carro que fizemos na Ãfrica, as estradas são um show a parte.
Você estaciona o carro a alguns metros da entrada da praia, e no caminho passa por alguns vendedores ambulantes que comercializam, sobretudo, itens como esculturas, chaveiros e pelúcias de pinguins, é claro. A entrada para a praia é paga e o valor é salgado: 152 rands por adulto (cerca de R$50). O caminho é curto e é todo feito sobre uma plataforma de madeira, onde você visualizará os simpáticos bichinhos dos dois lados. O ponto alto do passeio é no final dessa passarela, que termina numa pequena praia repleta de pinguins. A criançada, é claro, adora o passeio.
Da Boulders Beach partimos em direção ao nosso último destino do dia: o famosÃssimo Cabo da Boa Esperança, que fica a apenas meia hora da praia dos pinguins. Só para não perder o costume, o trajeto nos brindou com belÃssimas imagens das estradas africanas:
O Cabo da Boa Esperança, foi descoberto em 1488 por Bartolomeu Dias. Como o cabo foi avistado depois de seguidos dias de tempestades no mar, acabou sendo denominado como Cabo das Tormentas na época. Ao contrário do que muita gente pensa, o cabo não é o extremo meridional do continente africano: este posto pertence ao Cabo das Agulhas (que visitamos um dia depois).
A entrada para o Cabo, que pertence a uma reserva natural, custa 320 rands por adulto (pouco mais de R$100) e 160 rands (pouco mais de R$50) para crianças de 2 a 11 anos. A moça da guarita estava de bom humor e acabou cobrando somente a entrada dos adultos, não sendo necessário pagar a do Bernardo.
Dentro da reserva natural existem alguns pontos principais para visitação, iniciamos o trajeto pelo Cape Point Lighthouse, que nada mais é do que um farol que fica num pequeno morro. É nesse ponto também que há uma pequena loja de souvernis e lembrancinhas, e também uma lanchonete. Para chegar até o farol você pode subir uma escadaria enorme ou então pegar uma espécie de bondinho (pago a parte). Como estávamos meio apressados com o tempo (a reserva tem horário de fechamento), acabamos só parando para tirar algumas fotos. É nesse ponto também que você deverá tomar cuidado com a grande quantidade de macacos que desfilam no meio da rua e sobem nos tetos dos carros sem nenhuma cerimônia.
Certamente o ponto mais visitado da reserva é o extremo onde está localizada a plaquinha do Cape of Good Hope. Lá também há um pequeno morro que é possÃvel subir a pé (não chega a dar 15 minutos de subida) e tirar belas fotos das paisagens.
CONCLUSÃO
E com essas fotos finalizamos nosso relato sobre a apaixonante Cape Town. Mesmo ficando por três dias completos na cidade, ficou aquele gostinho de “quero mais”. A cidade te cativa de um jeito que é difÃcil esquecer dela. Fomos embora no outro dia de manhã com a sensação de dever cumprido por ter conhecido um pouco desse maravilhoso pedaço do mundo.